sábado, 2 de julho de 2011

SORTE







...essa idéia de morte parece mais sorte
uma lei do desrespeito
entre o fado e a ciência
a contrariar a inteligência


nas vésperas do nada
tudo aconteceu


depois que nada ocorreu
um pesadelo medonho
tudo tornou-se sonho


vivo do sonho agora
mas sei bem que a sorte
como regra não demora...


Rio, julho de 2011.



terça-feira, 28 de junho de 2011

CORAÇÃO CATIVO [trovinha]







mandei buscar meu coração
na palma de sua mão
e só ouvi o vozeirão
não não e não daqui não saio não


Rio, junho de 2011.



AMOR INFINITO



MOTE


‎"Além do infinito eu vou voar sozinho com você..."


[de Ivete Sangalo/Banda Eva 
- Giancarlo Bigazzi / Umberto Tozzi]





GLOSA


do finito ao infinito minha vida é só você
por isso vou voar ao infinito por você...



Obs.: Há jóias da música popular brasileira de encanto poético raro! 


Rio, junho de 2011

segunda-feira, 27 de junho de 2011

LAMÚRIAS DO AMOR





"...não te posso obrigar a amar" [1]
essa é a idéia isso é o que sinto
o que penso e não minto
não me agrada quando o silêncio
de tua voz ensurdece
e não tenho conclusão
sobre se choro ou se finjo
que me falta o coração


"no me gusta cuando callas" [2]
depois que passas e não me vês
calo-me no desprezo
que de mim tem teu desamor
ser ou não ser já não me importa
se o que tenho é indiferença
se o que resta é a própria dor


Rio, junho de 2011.




[1] Fernando Pessoa
[2] Pablo Neruda

INDAGAÇÃO






qual o instinto que me liga a você?
que sentimento indistinto 
tanto maltrata quanto vê
um afeto novo
uma forma de ser
assim em meio ao povo
que não posso esquecer?


Rio, junho de 2011.



SONHO VIVO ou DEPOIS DA PONTE









ah esperança! contigo vivo desde criança
ouço teu canto e sempre me encanto
ah se tu não estivesses comigo
eu não teria nem um amigo


o coração é antigo
tranquilo no sonho vivo
a alma inquieta
com meus cuidados
logo se aquieta


quem sou? sou o mesmo
só a ponte é nova
sobre o risco ido
qual seu sentido?
ser
reaprender a viver




Rio, junho de 2011.



domingo, 26 de junho de 2011

O DEVIR







desponta o sol depois da primeira claridade
gozo o prazer da luz bem antes de sentir-lhe o calor
em pouco abraça-me decidido e viril
e o dom da vida torna a  fazer sentido


canto o momento do abraço em que sou presa
da emoção quase infantil de sentir-me parte
deste céu e desta terra diante da visão de meu eterno mar
hoje renasci para amar


sou a emoção verdadeira
talvez do ressurgir
canto esta canção derradeira de reviver


não sou o erro do passado
nem os sonhos soltos do devir
sou quem sou criatura recriado ser a sentir


Rio, na primeira manhã de meu retorno a casa, depois da cirurgia cardíaca, 26 de junho de 2011.