segunda-feira, 14 de maio de 2012

ENTENDIMENTO



o entendimento surge do momento
supera a palavra
magicamente existe
quando nos olhamos nos olhos
e silenciosamente nos aproximamos

conscientes de tudo
ficamos os dois sem palavras
inconscientemente
deixando revelar-se o mistério
de estarmos juntos

Rio, maio de 2012.




domingo, 13 de maio de 2012

AUSÊNCIA II




domingo, 13 de maio de 2012

...divagando sobre um tema de Drummond...



AUSÊNCIA II


a ausência de que falou Drummond
não é falta
mas "um estar em mim"


não entendi o saque do poeta
mas hoje percebi a ausência
como a beleza da flor 
que me encantou


a flor estava lá e lá ficou
um dia murchou
e se desmanchou
mas a beleza dela
continuou em mim 


tanta coisa encontro em mim
mas lembro cada uma
uma de cada vez


são pessoas coisas emoções
cuidados zelos carinhos
interesse e atenções


gente me produz difusa ansiedade
amores ódio algum desgosto
imagens às vezes confusas
guardadas em mim


há ausência que me remete ao passado
ou me agita o presente
mas temo horrivelmente
a ausência que venha a sentir no futuro
de quem está hoje comigo
ou dos poucos que virão
ainda
e no tempo que resta
não estarão junto de mim


Rio, maio de 2012.



A GLIMPSE



é curioso o tempo
que não se conhece por antecipação
mas quando chega
revela-nos em um átimo
se atentos
sua essência passageira 


assim a sensação de ser feliz
que é um instante roubado
da realidade


Rio, maio de 2012.




sábado, 12 de maio de 2012

OUTONO NO RIO



ah este outono no Rio
de temperaturas amenas 
céu azul praias imensas
tudo tão claro 
tudo tão feliz
nos ventos que trazem frescos
o silêncio do mar


quem quer saberá sentir
esse prazer de viver
o que mais amar?


Rio, maio de 2012.





terça-feira, 8 de maio de 2012

FÁCIL REFLEXÃO



setenta anos passados entendi
que não havia entendimento
consciente de que vivi
um tempo de sentimento


ri chorei muitas vezes sofri
hoje procuro o essencial
mas na contagem geral
ganhei mais do que perdi


mas a vida é isso mesmo
nada que machuque tanto
caminhando passos a esmo
para chegar ao fim no entanto


conformismo diria um
cinismo outro calaria
razão nenhum tem
viver é quase sempre alegria


Rio, maio de 2012.


segunda-feira, 7 de maio de 2012

TESTAMENTO



colhendo ventos passei parte da vida
não vieram tempestades
mas nada guardei do que colhi
e pior
escaparam pelos fundos
a zunir


comprei um cesto para água
busquei água pura da fonte
cuidadosamente  
mas o cesto permaneceu vazio 
criteriosamente 


assim ao aproximar-se o fim
deixo em testamento
um saco de colher vento e um cesto
com a condição
de que meus herdeiros
lembrem-se de mim


Rio, maio de 2012.