sábado, 16 de janeiro de 2010

FURTIVOS DIAS






já tive a vida
e meus desejos
os meus amores
e desatinos
não culpo os dias
nem o destino
canto o encanto
de ter vivido

já a saudade
furtiva dói
em cada noite
que o outro dia
é mais um dia
um que se soma
um que se perde
um dia sim um dia não
para quem canta esta canção

Rio, janeiro de 2010




sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A VIDA BELA







...sustenta-se na esperança
o sonho curto do futuro
e nada digo porque vivo
a vida bela
que cantar não posso
inseguro
o que não posso ser
e vivo por temer perder
a razão
o corpo
e sem apelo alma
repartida pela terra
entre amores
alegrias
desejos
simpatias

prazeres em outros encontrei
sentimentos de que nunca me livrei
desentendimentos que apaguei
para poder passar os dias
de hoje quase ontem
tempo a que a mim mesmo dediquei

canção sem tristezas ou desgostos
amor o riso o gosto
tudo é alegre que se mude
sim por querer
cantar e ter

nesse tom brando
foge a idade e toda gente
cada palavra dedicada
e um rumor distante

os dias sucedem outros dias
caminham os céus no horizonte
o sol a lua sol e lua
enquanto amei
os anos de passar o mais da vida

mais vale a esperança
tão curto tão sonhado tão vivido
o que de mim me escapa
mas tenso vivo


Rio, janeiro de 2010




sábado, 9 de janeiro de 2010

A BUSCA DO SENTIDO








cada palavra é o universo inteiro
fonte de onde a água flui
de rústico penedo
sede
de todos os meus medos

cada palavra atrás de erros
segue
meus erros

e finda a vida quase
ansiosa
do sutil entendimento

procuram-se palavras
onde a alma hesita
vaga
nesta selva escura
em busca do sentido
do que é onde quer que exista
a palavra maior que o mundo
capaz de decifrar todo o segredo
do meu degredo
a este abismo fundo

palavra que procuro
entre amigos
ou a sós comigo
onde estás?

o tempo faltará
e nada contará o vento


Rio, janeiro de 2010



quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O HOMEM





[dedicado a Fabio Luiz Delfino em 7 de janeiro

no seu momento da virada]



abstraio-me

do que penso e concentro-me no que sinto

dialogo comigo

trago o mundo no olhar

os magníficos homens

as mulheres essenciais

a vitória e a reverência

aos vencedores onde quer que seu traço deixem

mas nesse diálogo valem igualmente

a mansa água que me ilumina os olhos

a espada preparada

a memória da alma

o sentimento do mundo

amealhados na véspera de ser homem

para a difícil tarefa de compreender o outro


tanto tempo passado segue o amor

atrás do ilusório vento

a cantar a melodia da paixão

em busca da razão


não suponho automática a compreensão

mas despertas em meio à noite

sinapses retomam o coração

que repousa a angústia do dia

e vêm os sonhos


sim o outro é minha paixão

aquele que menino um dia homem

molda no seu dia-a-dia

inspirado na alegria

toda a percepção


o mundo vertiginoso gira

despencam a prumo

torrentes

tempestades

desencontrados punhais

mas o tempo esse implacável

remete o ritmo a seu lugar

e lhe dá lógica

amenizando erros

formalizando a sustentação

de dois e todos

no equilíbrio

entre razão e coração

para do exercício da dúvida

formar seguramente certezas


é tarde


mas há bonança e entendimento no diálogo

se cada um entende

quem é e pode retratar quem foi

no olhar para trás

e construir sobre o que fez

para avançar


Rio, janeiro de 2009

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

DILAPIDAÇÃO






não há oposição
entre coração e razão
alternam-se
entre o sim e o não
mas a prevalecer a razão
nada mais haverá
só dilapidação

Rio, janeiro de 2010





terça-feira, 5 de janeiro de 2010

SILÊNCIO








é tardia a hora
silêncio
dialoga comigo o coração
deixou-me inteiramente a razão...


Rio, janeiro de 2010




sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

PROMISE







ah days of summer next
people sun love and rest
just Mozart best
together we
two of us

joy ...


Rio, first day of the year [2010]