segunda-feira, 19 de março de 2012

QUINTETOS



ser jovem não é um programa
é uma vida sem prazo
sem tempo de fenecer
a juventude é beleza
a alegria de ser


não se improvisam os anos
passam sem perceber
coisas pessoas lugares
para não mais se ver 
pagam sem receber


ah que saudades eu tenho
do tempo que já passou
tanta esperança perdida
sonhos amores a vida
pra ser o que hoje sou


escolha não tive no rumo
cheguei só por chegar
sem porto neste lugar
tenho no entanto meu prumo
ainda talvez saiba amar


Rio, março de 2012.


  



MINI BIOGRAFIA

sei que nasci porque vivo
mas pressinto que a sorte de viver
me reserva a morte

fui menino ambicioso e voraz
nas leituras que depois deixei
não esqueço Lins do Rego Graciliano e Bandeira
mas não os li só então 
tive a vida inteira

quem jamais diria que o menino viria a ser diplomata
fez carreira
até foi Embaixador
Cônsul onde brasileiros lhe tocaram o coração

hoje vive supondo ser poeta
Rio de Janeiro de seu amor permanente
o mar que o devora cada dia
a praia de sol e a imensa alegria

nasci na cidade de Birigui
que poucos sabem onde está 
meu primeiro grito deu-se
em primeiro de dezembro de 1940
viverei ainda desejando renascer

meus blogs: www.poemasinconjuntos.com.br
http://ricordanza.blogspot.com/ 
http://vagaprosa.blogspot.com/ 



Rio, em algum momento de 2012.

FALTA-ME O POEMA



escrevo no silêncio 
ouço vagamente os toques intermitentes  do teclado
começa a madrugada
o sono não vem
leio as palavras de meus versos
sem crer



foi um dia vazio
passou como um olhar distante
que nada registra do que vê 


nem alegria nem melancolia 



não tenho a memória desse dia
tenho a sensação
e de repente vem a noite
sem estrelas sem luz da Lua



são duas horas do amanhecer
as palavras soletradas
são sinais frios
esquecido entrego-me a escrevê-las
hesitante
dormirei sem o poema

 Rio, março de 2012.





domingo, 18 de março de 2012

A BUSCA DO SENTIDO



move-me o desejo de ser
parte do intervalo do poeta
para saber que pedra
que poeira no universo nos deu vida


fascinados pelo sol
escondemos o infinito na matéria 
como se fosse tudo


não sinto o tempo enquanto passa
mas Chronos não caminha
existe apenas 
na medida angustiada do finito
iludo-me com a ideia falsa da passagem
sou eu quem passa
o tempo fica 


sei que vejo coisas e vivo seres
atirados no aleatório do espaço
em movimento
que nesta frase são palavras
em busca do sentido




Rio, março de 2012.




MEUS VERSOS



não sei porque te falo
transbordo minha solidão
sonoras ondas


diante desta praia
ilhas que se vêem 
isoladas alheadas batidas pelo vento 
e a luz distante do farol da barra


são para mim os versos que escrevo
perdidos entre onde estou e a distância
vazia do mar escuro
presságio de tanta coisa
os sentidos 
a ilusão
e eu aqui a tua espera


sou tocado pela brisa
fresco sopro
vivo o momento
e os meus versos 


Rio, março de 2012.



O TEMPO E O VENTO




Éolo de todos os ventos sopra meu vazio 
deixa-me o tempo


Rio, março de 2012.




  

O MAR E EU


mar
o que me dás
estou vazio em tua imensidão


Rio, março de 2012.