quinta-feira, 22 de março de 2012

CONFIANÇA

a um amigo
tu és o que és 
o que podia ter sido e não foi
gera filosofia de vaga interpretação


somos quem somos
seremos outros dia-após-dia 
na vertigem da formação
de nossas impressões digitais


serás teu sonho
serás quem o idealizou
serás quem queiras ser
teus atos responderão por ti


o passado é feito papel 
liso imaculado
se fizestes por mantê-lo intacto
amarrotado
se perdestes episodicamente o rumo


agora toma as folhas que amarrotastes
rasga-as atira-as ao lixo do tempo
recuperastes o prumo


crê em ti
estás em pé como homem de fé
crê em teu poder de fazer
tudo que sonhastes acontecer


tua vida é uma viagem de ida
resoluto avança 
sê feliz


Rio, março de 2012.








quarta-feira, 21 de março de 2012

"CARPE DIEM"



um dia que se soma a outros
e faltará à frente
penso no que resta


pouco
e não será muito
retomar a vida  
com a fúria do minuto


"carpe diem"


não há solução fora o prazer
do céu azul e do verde mar
espaços que fascinam
e ficarão
no seu papel de encantar


levarei comigo
a imaginação
a percepção
a memória
o sentimento
distribuídos entre alma e coração


para além não sei 
mas que importa
se o que sou está aqui? 


atrás ficou o passado
tempo que no presente amei


agora o presente parece passado
instantaneamente
o que me faz ciumento
do minuto que vivo


"carpe diem"


Rio, março de 2012.




terça-feira, 20 de março de 2012

TOMOGRAFIA



fiz hoje exames de rotina
rio que procura o mar
dormi na tomografia
descansei de me excitar
com a ideia que me persegue do dia em que nasci


vou seguindo sem apuro
não sou capaz de ter medos
do que não posso conter
o tempo vai corroendo
dias minutos segundos
são dados a não pensar


sou hoje mais livre que ontem
amanhã me libertarei
é mentira a emoção da morte
verdade é a canção da sorte
que eu tenho por viver


o mar que se me depara
as palavras o amor o poema
o sol amarelo limão
nunca os senti tão belos


os exames ah os exames
têm nome?


Rio, março de 2012.





segunda-feira, 19 de março de 2012

QUINTETOS



ser jovem não é um programa
é uma vida sem prazo
sem tempo de fenecer
a juventude é beleza
a alegria de ser


não se improvisam os anos
passam sem perceber
coisas pessoas lugares
para não mais se ver 
pagam sem receber


ah que saudades eu tenho
do tempo que já passou
tanta esperança perdida
sonhos amores a vida
pra ser o que hoje sou


escolha não tive no rumo
cheguei só por chegar
sem porto neste lugar
tenho no entanto meu prumo
ainda talvez saiba amar


Rio, março de 2012.


  



MINI BIOGRAFIA

sei que nasci porque vivo
mas pressinto que a sorte de viver
me reserva a morte

fui menino ambicioso e voraz
nas leituras que depois deixei
não esqueço Lins do Rego Graciliano e Bandeira
mas não os li só então 
tive a vida inteira

quem jamais diria que o menino viria a ser diplomata
fez carreira
até foi Embaixador
Cônsul onde brasileiros lhe tocaram o coração

hoje vive supondo ser poeta
Rio de Janeiro de seu amor permanente
o mar que o devora cada dia
a praia de sol e a imensa alegria

nasci na cidade de Birigui
que poucos sabem onde está 
meu primeiro grito deu-se
em primeiro de dezembro de 1940
viverei ainda desejando renascer

meus blogs: www.poemasinconjuntos.com.br
http://ricordanza.blogspot.com/ 
http://vagaprosa.blogspot.com/ 



Rio, em algum momento de 2012.

FALTA-ME O POEMA



escrevo no silêncio 
ouço vagamente os toques intermitentes  do teclado
começa a madrugada
o sono não vem
leio as palavras de meus versos
sem crer



foi um dia vazio
passou como um olhar distante
que nada registra do que vê 


nem alegria nem melancolia 



não tenho a memória desse dia
tenho a sensação
e de repente vem a noite
sem estrelas sem luz da Lua



são duas horas do amanhecer
as palavras soletradas
são sinais frios
esquecido entrego-me a escrevê-las
hesitante
dormirei sem o poema

 Rio, março de 2012.





domingo, 18 de março de 2012

A BUSCA DO SENTIDO



move-me o desejo de ser
parte do intervalo do poeta
para saber que pedra
que poeira no universo nos deu vida


fascinados pelo sol
escondemos o infinito na matéria 
como se fosse tudo


não sinto o tempo enquanto passa
mas Chronos não caminha
existe apenas 
na medida angustiada do finito
iludo-me com a ideia falsa da passagem
sou eu quem passa
o tempo fica 


sei que vejo coisas e vivo seres
atirados no aleatório do espaço
em movimento
que nesta frase são palavras
em busca do sentido




Rio, março de 2012.