da janela vejo o mar aberto
e um ângulo de praia
ilhas ao largo
amarras
que dão vida à eternidade
faz sol (quase o tempo todo)
e tempestades no verão
sopra a brisa sudoeste
úmida a areia nova
penso em ti tal como Caieiro
tu me trouxeste a natureza
e a beleza
dias e noites costuram-me à vida
alegrias e tristezas
só minhas por amor talvez platônico
e tu oh sol
aquece a dor e o prazer
para alongar sob o céu azul
padrões de minha solidão
não troco minha Ipanema por nada
traz-me paz e garante o desejado fazer nada
desfila ali a meninada
sarada
que mais desejar na vida longa
o "brouhahá" alegre da praia
a noite calma
e o silêncio do ir e vir suave
do mar a derramar-se
Rio, março de 2014.
"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
sexta-feira, 14 de março de 2014
VELEIRO
quero um veleiro para navegar o vento
e velas brancas para alçar meu vôo
levo a memória comigo do azul em branco
nuvens flutuantes sobre gaivotas
nada terei em mãos
exceto a prece de alguém sonhando
com mar e céu descrevendo a vida
Rio 14 de março de 2014.
quinta-feira, 13 de março de 2014
GAIVOTAS ILHAS
é sonho ainda quando o amanhecer dourado
destaca o verde recobrindo a pedra
diante de meus olhos
ilhas
o mar azul as cerca de grisalhas cristas
à distância sonolento desperto
com a visão de velas brancas
gaivotas
em Ipanema é dia
Rio, março de 2014.
PEDRAS
meus olhos estão cegos de tanto ver
o deserto de pedras
onde está a cerca a definir limites
sinto a suavidade de teu olhar
que pode ver o infinito
e revelar que sonhas
só há mistério onde não há sentido
a distância que nos separa no tempo é o limite
o sensível tornado insensível
em tuas pupilas fotográficas
quanto te olho e não posso sentir teus sonhos
só o deserto de pedras reflete o que vejo
e sobrevém o suspiro
lacrimosamente
Rio, março de 2014.
quarta-feira, 12 de março de 2014
CICLO
passo a porta do tempo
esqueço meus sonhos
encerro a memória dos fatos
e não me conduzo
deixo-me ir
penso nisso e em suas circunstâncias
não sei se compreendo
é só um mundo novo
valerá a pena vivê-lo
e trabalhá-lo como um jardineiro com as plantas
semear fazê-las vingar
se esqueço meus sonhos
crio novos
e a lua brilhará
refletindo a luz do sol
depois de deixar sua órbita e voltar
tudo novo
tudo por explorar
na permanente reconstrução
em seu ciclo universal
Rio, março de 2014.
sexta-feira, 7 de março de 2014
A PEDRA E O TEMPO
o que sente a pedra sobre o tempo
presente passado futuro
perplexa
enquanto nosso tempo passa
e neuroticamente o medimos
segundos minutos horas
numa só e inútil ilusão
assim admirando a pedra
fico
o meu tempo é um compacto pétreo de tempo
desestimula como sonho o futuro
funde fatos do passado
e se esse é o nome do jogo
é presente
São Paulo março de 2014.
quinta-feira, 6 de março de 2014
VIDA
amo a janela que se abriu há setenta e tres anos
loucamente sorvi o sabor e o perfume do que vi
sei que é longo e que o tempo corre
mas ainda vivo a alegria de existir
São Paulo, março de 2014
Assinar:
Postagens (Atom)