"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
segunda-feira, 12 de maio de 2008
PRIMAVERA
hoje de manhã o mundo era diferente
e o passado irremediavelmente ausente
qual girasol no olhar fitando luz
floresce o amor no justo tempo
não fosse apenas flor nos olhos das crianças
redescobrindo o sol
é primavera em vôo de abelhas
rododentros narcisos coloridos
como negação de minhas hesitações
descuidadamente vivo.
Londres, manhã de 12 de maio de 2008.
ENTENDER ESTRELAS
Mensagem para Maria Luiza
No homem tudo é fadiga desde o nascimento
nada o pode consolar de haver nascido
assim a poesia é claro sentimento
desde o primeiro e inicial vagido.
Vive o poeta de mirar estrelas
e olhar maravilhado o firmamento
que Deus pôs lá a permitir que lê-las
Lhe revelasse o divino pensamento.
Nada é verdade nem falso
que não seja a sutileza de um sentir tão alto
que ultrapasse estrelas
e seja a doce inspiração de tê-la
leal fiel e companheira no alto de meus dias
em busca ainda de entendê-las.
Roma, 4 de fevereiro de 2006.
DESESPERANÇA
Sonhei que me recolhia para colher pensamentos
de um momento de desesperança
entre a contradição e o absurdo
de um dia de alegria.
Era noite de melancolia.
Sonhei que um murmúrio ligeiro amanhecia
como regato em busca de silêncio
na realidade louca.
Que importa se o ruído estilhaça o silêncio
e tudo apaga a consciência?
Sonhei que sonhava a desesperança como vil ausência
na noite em que me recolhi
para conhecer pensamentos.
Não sei se o que sonhei nem se o esforço
de recordar me apoia
ao escrever o que neste papel é dúvida
uma inquietação indefinida
que esse ruído de existir me cria.
Roma, 2 de abril de 2005.
CREDO
Creio Senhor em Tua Vontade
sou dela eco sustenido
e no Teu Amor sou sustentado
minha oração é feita de silêncio
sussurra por ela a natureza
os campos e um céu pleno de estrelas.
Perdão Senhor de minha fraqueza
de não poder tirar os olhos
do pequeno que me vejo
no descuidado sentido do universo
incapaz do Teu mistério.
Roma, 2 de abril de 2005.
domingo, 11 de maio de 2008
ANÁLISE
conselho a um amigo
Nada pergunto
não te quero conhecer neste exercício racional
o passado ignorado só te pode fazer mal.
Se tens respostas murmure-as para ti mesmo
como pescador para que o pescado não lhe fuja
o passado é o futuro
Nada pergunto
não te quero conhecer neste exercício racional
o passado ignorado só te pode fazer mal.
Se tens respostas murmure-as para ti mesmo
como pescador para que o pescado não lhe fuja
o passado é o futuro
a pedra que deixastes no caminho.
A cura de quem és parte de tuas convicções
lá no fundo do teu eu.
Desvenda a pedra
serás dono de ti mesmo.
Londres, março de 2008
A cura de quem és parte de tuas convicções
lá no fundo do teu eu.
Desvenda a pedra
serás dono de ti mesmo.
Londres, março de 2008
IMEMORÁVEL
desmemória
tudo que esqueço é limiar de tardias lembranças
memória que a sentir me lembro
densa em deuses e heróis de um olimpo ultrapassado
sombras que aceito sem mais nada
entre fraquezas de quem vende imagem
a custa da verdade
Será este conto imemorável?
Londres, outubro de 2007.
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