quarta-feira, 14 de maio de 2008

O POEMA



[uma interpretação]
um poema-teoria para Claudia Ferraro

O encanto poético é mágico
palavras que se juntam e partem
para quem as quiser receber
como os sonhos
produtos do inconsciente
para ser encanto.

Magia é o sentido de encanto
uma percepção inexplicável
um ritmo interno
que está na metáfora
nas sílabas justapostas
nos acentos e tons a perpassar o poema.

Às vezes o ritmo é forma
outras tantas é sensivelmente idéia
fundo poético

nunca é lógico
na explicação linear
nem na discussão dialética.
Prosa é razão
poesia é emoção
menos do que sentimento
uma sensação
abstrata sutil sem razão
aparente.
Inicialmente o encanto é do poeta
enquanto escreve
ao descobrir o transporte
que a palavra propicia
entre o inconsciente e o texto
cujas idéias insinua;
acaba por ser do leitor finalmente
quem lê e recria
o mesmo texto
em outra dimensão
que é a da sua cultura
sensibilidade e imaginação.
O poema é livre
o poema voa.

Londres, maio de 2008.

Um comentário:

  1. Essa liberdade expressa neste sábio improviso, sem regras formais, mas tão bem representadas em letras, que tomam outras formas na medida em que lemos, me fez lembrar a "Poética" de Manuel Bandeira, na sua revolta ao falso lirismo. E traz a certeza que representar o poema no próprio "Poema" é arte para poucos.
    Ah, como me envaidece te-lo dedicado a mim, uma distante admiradora desse eterno feitiço poético e ainda mais distante aprendiz dos passos e poções desse mais alto poder de eloquência. Confesso que surgiu o desejo de transformar esse poema em canção, mas tão logo percebi que ele já se faz canto.
    Que imensa sorte (a minha), encontrar tão lindas letras nesse emaranhado virtual.
    Só posso agradecer aos bons ventos.

    Grande abraço, com toda admiração,

    Claudia Ferraro.

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