quarta-feira, 19 de agosto de 2009

NYDIA E FILIPE







ontem
Filipe e Nydia
Nydia e Filipe
gostaram do catavento

é possível um desejo imenso
como quer Camões
arder no peito dentro?

que me diga o vento
quando sonhar
sem que me leve o sonho
a rodopiar

o que me alegra
é que desejo não dura
e eu posso voltar
a ser caradura
nesse suspirar
de versos a indagar

filosófico não é lindo convenci-me
ninguém gosta de filosofar
melhor é sentir
e não mentir
no que é
minha solitária maneira de amar


Rio de Janeiro, agosto de 2009





9 comentários:

  1. flávio
    filosofar é bom, mas sentir sem dúvida é bem melhor. e o catavento é mesmo lindo... (risos).
    beijo.

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  2. Nydia,

    Estou "à beira de um ataque de nervos" com a idéia de que o que fiz não me sustenta. Saberei fazer outra coisa? Sim, talvez, creio que inscrever-me na Raça Rubro Negra e torcer pelo Flamengo resolvam.
    Publique em longitudes de que gosto tanto sempre o que quiser.
    Beijo de retorno que sua poesia e opinião me fazem bem. Flávio

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  3. Embora a musicalidade denuncie a sua melopeia lírica, Alberto Caeiro sentir-se-ia honrado por ter encontrado em você um discípulo tão dedicado!rs

    Muito bom o questionamento metalinguístico, que, na verdade, é sobretudo existencial!

    Sua dicção me parece fluir com mais facilidade quando essas suas qualidades se combinam!

    Abraço!

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  4. Filipe,
    A discussão já antiga sobre o que seja inovação ou criação não trará
    conclusões. Ninguém inova nem cria, o novo tem o lastro do passado: Caieiro e todo Pessoa estão impregnados em mim, tanto quanto tampouco posso negar outros poetas. Não creio na originalidade pura. Bloom tratou disso.

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  5. Minha intenção não foi a de marcar a presença do Caeiro como forma problematizar a questão da originalidade. De forma alguma. Perdoe-me se pareceu assim.
    O que eu quis ressaltar foi o enquadramento da sua voz dentro do que melhor se produziu na tradição lírica ocidental, para tentar diminuir a angústia sugerida em sua resposta à Nydia (Estou "à beira de um ataque de nervos" com a idéia de que o que fiz não me sustenta") . Sua voz é prolongamento, não repetição. Da mesma maneira que posso dizer que João Cabral e até mesmo os concretistas beberam na fonte do Caeiro, exagerando um certo tom logopeico da poesia dele, você o redimensiona tornando-o musical e sensível.
    Não creio na originalidade pura, como também não creem os poetas contemporâneos. Vinícius, Neruda, Chico e Cecília estão em muitas palavras minhas!
    No fundo, só quis dizer que o poema é muito bom! =)
    Abraço!

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  6. Relendo agora meu comentário, concordo que pareceu mesmo que eu estava fazendo uma referência negativa! Quero reiterar que não foi minha intenção de forma alguma!
    De verdade!

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  7. Filipe,

    Nada de negativo mas de sensibilidade que o torna verdadeiro na percepção do Caieiro na minha poesia. Há muito de Pessoa na angústia filosófica, há Leopardi em "Italianità" [www.ricordanza.blogspot.com], há sutis eugênios de andrade aqui e acolá, há palavras descoladas deslocadas, alocadas de todos que nos precederam como responsáveis pelo DNA poético atual. Sua intenção não foi posta à prova tampouco no meu comentário, glosa do seu. O mais importante é vê-lo aflorar como autêntico poeta brasileiro no que não sou ou menos sou. Sua linha segue a trilha de nossos mais ilustres líricos nunca resvalando no gosto duvidoso de inovações que circulam por aí. Caminha caminhador!

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  8. Flávio e Filipe

    "poesia é como beijo
    tudo que do lábio se deseja"

    é nesta poesia que acredito, tenha ela a forma, o nome, o gênero ou qualquer outra classificação que tiver.

    estou adorando "ouvir" vocês.

    Obs: eu, com minha poesia primária e minha formação exata, nem ouso entrar neste debate de mestres. :)

    beijos

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  9. Nydia,

    Do not dramatize please! Sua opinião tem-me sido estímulo e "Longitudes"um exemplo de criatividade. Não há tanta poesia/filosofia quanto na matemática. Exata será você sempre que pensar como sente e vice-versa. Bj, F

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