quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CANSAÇO






pode ser que amanhã seja outro dia
cansado de repetir-se
depois de tanto tentar ser diferente

esse tédio é peso pedra submersa
não é pássaro

que farei desses dias que me sobram?
iludir-me apenas com os que faltam?
fingir que sei o que não quero?
ou sem mais
sem nome
rente ao chão
deixar-me ir inutilmente?

tudo passou
pouco restou
sob o sol a sombra
que à noite se dissolve

digo homem
falo gente
nesse imenso sono que me abate
e me pergunto
que fui eu?

Rio, novembro de 2010





2 comentários:

  1. Sei tão bem deste cansaço, Flávio. Belíssimo poema! Tocou-me de forma intensa. Abraços, Nydia.

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  2. Nydia,
    Você é presença obrigatória em meus momentos de poesia. Vejo-a ativa e a admiro também por isso. Não há tédio em sua vida, há a alegria [a+a+a] de criar e você excede em seus ensaios sempre prontos. Quando virá seu livro? Abraço, Flávio

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