um cansaço esquisito toma conta de mim
de ser e não poder ser
o que apenas pensei
ser o que sempre fui
andei por anos disfarçado
em roupas engalanado
mas pensei que o meu eu
era forte bastante para ser meu
enganei-me não era
mas em todo caso erguia a bandeira
de meu país
aqui estou já vencendo o tempo passado
querendo viver o que fui em tempos remotos
um homem comum sem preconceitos
para gostar de gente
não importa se pobre ou rica
pessoas a quem posso amar
para lhes dar o que em mim me sobrou
nem inveja nem ciúme nem ódio
nada sinto ao viver
o homem simples que sou
tudo tenho tudo ganhei
e sou feliz de saber que ainda terei
o que nem procurei
amo a vida minha gente meu mundo
amo mulher filhos meus netos
amo desconhecidos
no vasto mundo perdidos
guardo um modelo do caos
na alegria desse rastro lunar
de claridade e paz
d"os recantos de meu ser" [1]
Rio, setembro de 2011.
[1] Carlos Drummond de Andrade
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