a linguagem do tempo tem sabor e graça
tem o dom do nada e o sabor de tudo
não é senão a vista do alpendre largo
de que se descortina a vida
instantâneamente
o sabor é leve
pode ser intenso
e a beleza presente no seu estro
está aí a graça
mas
disse alhures que o tempo é vento
que rasteiro voa e ligeiro passa
traz sempre novas
ensina a cada passo
agora digo o tempo é mais que espaço
sôfrego sorve
não acolhe passa
e bem sabemos só nos deixa o rasto
se lhe roubamos o instante
poder-nos-á caber o abismo
ou bem possível um horizonte azul
é breve a tão longa vida
onde tudo cabe
a sete chaves
o tempo curto é capaz de tudo
o largo espaço que da varanda vemos
é o que temos
o tempo é que nos perde
Rio, agosto de 2013.
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