quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

REAL E SONHO



sonho e realidade
instâncias de uma mesma vida

quando tem sol brilha o sol
quanto chove torrencial a visão é cinza
ao abrir a janela
ao fechá-la

quem sabe a verdade de cada um
com seus próprios olhos
e próprio toque de mão
quem sabe

durante todo o dia
uma flor executa uma cantata de Bach
fruto de sua memória
ouço um cello por vezes soturno e grave
quem sabe não somos donos de nossos ouvidos também

penso e escrevo

do mais puro sonho volto-me para a realidade
são duas horas da manhã
não vejo fora de minha janela a fonte
límpida de água pura
tão comum em Roma

alguém está cego
eu ou a fonte
mas a água é fresca
eu sinto isso

uma gaivota sobrevôa  o mar escuro
não a vejo mas ouço
o que é real o que é sonho
nunca saberei 

e sem planejar
indisciplinadamente
inclino-me em respeito à Criação

Rio, frevereiro de 2014

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