sábado, 14 de outubro de 2017

HOJE


...para contrariar Álvaro de Campos...

por quê não hoje
se o sol brilha
e o verão me acalenta o coração

o momento é agora
que a tristeza se foi
e nada me dói

o entardecer vem com e a brisa fria do mar
e me penetrará
depois só sombras me encobrirão 
por quê deixar livre o tempo
que não volta mais

caminhar é preciso
agora
à frente sempre à frente
para sentir o tempo corrente
e o sonho ser meu

viver é não fingir a hora imaginária
fazer a história viva
a luz e todo o brilho que traz

há-de ser hoje
por entre a brisa e o vento
e a saudade atual
de nada deixar passar

por quê não hoje
que ouço bater o coração
e sinto o pulsar do desejo
e a força que a alma tem

sim
há-de ser hoje
e não depois de amanhã

Rio de Janeiro, outubro de 2017.

 

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