sexta-feira, 4 de junho de 2010

LE BATEAU IVRE [O MEU BARCO BÊBADO]








"Le Bateau Ivre" [Arthur Rimbaud]



sou marinheiro de um mesmo mar mas sem navio
navego águas de todas as doçuras
distâncias cores e lonjuras

nasci assim sujeito a espaço aberto
porque para mim o sonho é descoberto
ondeando à luz do sol bravio

canto a vida e o encanto de sereias
batido pelo vento atado ao mastro
obsecado da visão sobre as areias

a terra o mar o vento os astros
guiam-me o destino
no mar em que me perco em cego desatino

e isto é ser livre
só mirar céus de constelações distantes
e viver marinho o sonho de um instante

sou marinheiro o mar me chama
esse amor me inflama
na paixão de reler o "bateau ivre"

" (Ô que ma quille éclate! Ô que j'aille à la mer!"

Rio, maio de 201

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