saudade é mistério do tempo
antiga angústia da vidraçaria negra
entre a realidade e a vida
não sou eu mas outro
quem sente
fechada e cruel
a realidade concreta
despencam a prumo idéias
vertigem sem razão
entre a razão e a tempestade
estou isolado
por não dizer o que penso
a paranóia agride fria
essa palavra que não diz
saudade de não recuperar o tempo
saudade lúcida e louca
do que não está
mas existe
a saudade não mede distâncias
como num manicômio
onde a ausência está presente
nesta saudade falta objeto
diz o poeta
"despe-te
não há outro caminho"
Rio, fevereiro de 2011.
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