a cada novo dia um novo tempo
uma janela que se abre para o sonho
e nessa realidade abstrata
medito sobre as duas vidas
a que tive e a que me resta
navegam barcos
cores pontilhando o mar
até perderem-se no horizonte
fiéis ao desconhecido que os espera
a contemplar o azul onde flutua a ave
sem indicar para onde vão
há terra atrás
onde gente vive a música da vida
praias de desembarcar do sonho
onde o mar se desprende da grandeza
e se descabela grisalho para o fim
no alto são montanhas
densa mata onde não há morte
e o sonho é verdadeiro
balizado pelo tempo
entre ser desde o início ao curto fim
descubro que da planície a falsa morte
descabelada e grisalha salta ave
e vôa sua faina branca no azul do céu
e natural se torna para quem navega o horizonte
antes ou depois das terras altas
onde cantam poetas os seus cantos
sobre ramos frágeis pousados na alegria
quanto fui outro na vida que passou
fui ave
que do alto viu distante lá em baixo o horizonte
linha que aos poucos se aproxima
e ave ultrapasso flutuante o meu limite
para ver atrás o alto de meus dias
mas capaz de retomar o sonho
que à frente se anuncia.
sinto a felicidade do que fui
confiante sobrevôo o mar imenso
sem destino
sigo os barcos
sigo os barcos
em busca do sonho que me resta
feliz
ave
porque sou capaz ainda de voar
leve a liberdade de escolher
o caminho largo onde tanto amar
o caminho largo onde tanto amar
Rio, julho de 2011.
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