deixei tudo no passado
atado ao sol já no horizonte deitado
foram outros tempos uma vida
no projeto de um futuro terminado
inútil não foi o que fiz
o que faço é memória
longe da melancolia
estou na antemanhã
do haver o que me diz o dia
a cantar saudade não tristezas
desfeitas ilusões que a vida aquece
no entrever futuro hoje passado
deixei tudo e não perdi
sou olhos no presente
debruçado sobre o inimaginável futuro
"só com somente a adivinhar" [*]
homens de todos os tempos empurrando o tempo
em sua obra de sobreviver
aos sonhos projetados
e ao sol nascente
Rio, dezembro de 2011.
* Fernando Pessoa
Nenhum comentário:
Postar um comentário