todos passam sob minha janela
o arlequim o palhaço e a donzela
tipo raro no espaço destas ruas
no tempo dessa bacanal
desde Eva mulher era mulher
de um homem traindo-o com outro
da janela vejo essa donzela
de todos traindo-os com um
os homens continuam machos
são ainda hoje viris
mas exibem o que se sabia
mesmo antes de acontecer
ninguém tem pai nem mãe
nem os acompanham irmãos
gozam intensamente existir
e se amam amando-se em comum
os ruídos que me vêm dessa janela
são ruídos trocados no silêncio
dos pares que os sufocam
nos orgasmos da solidão
não há erro nem condenação
nada me adianta prever
o que matematicamente não sei
nem somar nem dividir para saber
nessa dança ritmada e rebelde
passam todos no universo diverso
que se move no carnaval
metafísica é minha evasão
Rio, fevereiro [carnaval] de 2012.
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