"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
sábado, 25 de fevereiro de 2012
MENSAGENS AO MAR
sobre as ondas do mar flutua a lembrança
quebrando na areia grisalha
o choro da saudade
para voltar em nova onda que vem
o vem e vai é meu olhar
do oceano nesse vai e vem
mensagens perdidas no fundo
nada dizem por não saber aflorar
são palavras
no verde que arrebenta cinzento
são o caos aparente do vem
que se arrepende ao chegar
e logo vai
ficam como memória no fundo
esperando que o tempo as faça chegar
como o poema repousam
até eclodir em uma forma de pensar
e sentir
mesmo que não queiram desvendar
o segredo mais íntimo
daquele que é
o bilhete de amor
ou desespero da dor
alma que flutua no mar
soprada ao vento a navegar
sem rumo na solidão
naufragada sob águas azuis
verdes ainda para à terra voltar
não morre inacabado o que resta
onde o segredo sussurra
na brisa rasante
ouvido pelo lobo do mar
quem os guarda
para escutá-lo confiante
a música que vem de longe desvelada canta
o argonauta que aguça os sentidos
para conhecer os segredos de quem já viveu
não interrogues o segredo
é amor que não morreu
e desperta ao sol da manhã
é a dor que abate quem vive
na ilusão de estar vivo em plena solidão
não perguntes
nada perguntes
amor e dor são parceiros
a esperar uma praia branca
para confundir e derramar-se
quem sabe essa mensagem perdida
na água a chorar o tempo que passa
[e se perde] nesse vai-e-vem
quem sabe a mensagem me exorte
a cantar
essa música esse canto essa onda
a marulhar
Rio, fevereiro de 2012.
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