hoje é dia da poesia e vou ao teu encontro
nesse sem mais nada a dizer
exceto a dádiva de te haver lido
em tempo de viver
teu afazer é o poema
a cultivar como rosas
num jardim repleto de jasmins
em cercas vivas
no cercado em que sentimos
a alegria de teus versos
mesmo eu que ouso escrever
vejo-me bafejado da fortuna
de me chamarem poeta
que não sou
cultivo apenas lírios das campinas
frios brancos distantes
tu poesia não és ocultação
trazes o mistério das palavras
e o abismo onde o vento
perde orientação
para deixar-nos muitos
desassistidos pela falta de inspiração
nunca a vontade foi tão minha
de escrever versos
mas a lua depois de exposta por três dias
deixou-me fui omisso
vem poesia viva vem ao meu encontro
tu que me trouxestes Camões
exultastes diante de Pessoa
e sorristes lendo Drummond
para encantar-te com Bandeira
um homem só
a nos revelar Pasárgada
onde era amigo do rei
rendo-me a teus encantos e a tua melodia
quero teu amor e os conceitos
que em ti ganharam movimento no ritmo de tua inspiração
quero tuas rimas e aliterações
quero a liberdade que me ensinastes
em forma de canção
Rio, março de 2012.
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