"Porém, pera cantar de vosso gesto a composição alta e milagrosa, aqui falta saber, engenho e arte." Luís de Camões ... assim encontrareis aqui palavras magoadas a tornar o fogo frio e dar descanso a minha alma condenada ...
sábado, 24 de janeiro de 2015
DO REI QUE NÃO FUI
por quem vivo bem sei
em meu pensamento
onde há paz e conflito
em sombra do que é
na imaginação suspensa por convicção
estou sossegado no tempo
tudo podia ter sido
antes da chuva depois do vento
para matar-me na esperança
de um amor que morre e renasce
nisso que é verde e azul
valeu a pena e não desata
pouco importam as nuvens
que se movem e não deixam rastros
uma onda
que incendeia à hora do crepúsculo
e sim morre
morre desta vez e fala ao céu
da solidão do amor e seus descaminhos
já tenho saudade
da mulher que tenho
dos filhos e netos que fiz
da gente que incógnito fui eu
saudade do sentimento estrangeiro
do amor e do esquecimento
saudade de onde passei
do tempo que passado ventou
do mar que imenso se abriu
não não esqueço
deles na curva da esquina
da vontade nem sem razão
de tudo de todos de um que foi outro que amei
do rei que nunca serei
tudo no destino é olvido
do que hoje é mistério
em palavras de um mero poema
Rio, janeiro de 2015
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