terça-feira, 7 de outubro de 2025

VIDA

 

estou onde sinto
o mistério da vida
e toda a velocidade do tempo

cruzou por mim esse tempo
e não me fez melhor
isolado e vadio ao vento

frio arremedo de vida
de onde me resta partir
sem saber onde chegar

em câmara lenta o momento
de um desejo suprimido
é pena de todos os dias

Rio de Janeiro, 7 de outubro de 2025

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

NADA A DIZER

 

vivo da memória
e por ela sei o que devo fazer
na sequência haverá um nexo
pois sonho com um futuro que não verei
para quem sou isso basta
nesse equilíbrio entre ser e não ser
penso nisso
encontro outro que seja como eu
diálogo não há
ou eu ou ele estamos distraídos
indiferença
mas escrevo tentativamente versos
que possa revelar um tanto da história
que não consta de minha correspondência
Rio de Janeiro, 02 de outubro de 2025

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Perplexidade

   

existo e sou levado a pensar
em mim e nos que me são iguais
nos homens que sobrevivem
e nos que se foram depois de acreditar

é preciso encontrar um sentido
das coisas que nos rodeiam
em cada dia e não se fazem sentir
e me transmitem percepções e sentimentos

talvez esse seja o sentido do real
um todo não partes
alma e corpo
visível e invisível

serei poeta a registrar o homem
que amou a vida
e a viveu completa
entre terra e céu

direi enfim que só viver
é o que sei
e sei que vivem flores
entre pedras que não são amores

Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2025

domingo, 28 de setembro de 2025

SER POETA

 

nem sou poeta nem me proponho a ser
letras compõem o que de fato sou
e escrevo porque não tenho escolha
sou sempre eu mesmo nem alegre nem triste
acordo ao sol e dele faço opção
brilha e sinto o impulso de escrever
sem nada novo exceto a luz do dia
e minha íntima alegria
as noites passo sem imaginar o claro
obrigação de definir o que pensar
assim descubro a vida e descrevo tentativamente o mundo
trazendo comigo o sentido de viver
penso no que parece ser verdade
sem qualquer tempo ou idade
e o pensamento passa como as águas de um rio
para encantar mas não para ficar
não conheço se há verdade nos meus versos
sequer se há poesia no que dizem
mas a compulsão do sol me expõe
a arriscar sempre e escrever.
Rio de Janeiro, 28 de setembro de 2025
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segunda-feira, 22 de setembro de 2025

VIVER

 

mistério de existir
incompreensão
muda
desbordando a vida
desconheço cada dia
e estou só
por toda tarde
só noite vem
para pensar existem deuses
que pensem fundo
nem bem na morte
no vício de viver
não morro vivo
esse quem sou
e muito insisto
velho e aqui fico

Rio de Janeiro, 22 de setembro de 2025

EU SÓ

 




nada há que me socorra
mais do que eu mesmo
perdido na existência
e me angustio

tudo há comigo
na esperança e desesperança
no mistério de existir
percepção de vida

e vejo claro
no sonho amargo
que em silêncio durmo
quase fora de mim

silêncio quase morte
na alma ruidosa
incoerente
que me deixa já

tudo é consciência
e pensamento
por um momento
me despeço e vou

Rio de Janeiro, 22 de setembro de 2025


quinta-feira, 18 de setembro de 2025

MAR

 

mar que encanta me faz delirar
sobre tesouros resultado
do mar a navegar
Arpoador dourado ao fim do sol
resume a vida
do azul e ilhas repousantes
tornando o horizonte distante
a curiosidade do sonho
do que deve haver adiante
é meu sonho ver passar navios
e suas velas brancas
sensação de um sopro e um apito
o perigo atrás da reta linha
delícias de África
o mundo todo que me vê passar
o delírio azul do mar
como se tudo fosse
tudo a resumir meu mundo
Rio de Janeiro, 18 de setembro de 2025

ESPERA?


Dizem os céus que ser velho e amar
nada tem de natural
tudo é tão breve que negligenciar o tempo passando
seria sandice maior

mão aqui onde estou aos 84 anos
não esquecerei as dádivas da vida
e viverei a alegria contida do tempo
que passa fugaz e frio

trata-se de alcança-lo se possível
correr atrás do vento
das nuvens no céu que se transformam
amar o azul e sonhar com o verde
que em camadas de espuma me tocam os pés

não não é o céu que espero
mas as derrotas da terra que me fascinam
e seguirão no amor sem fim no suspiro
que ainda respiro do que me lembro
e busco repetir
meus dias gozarão o sonho

Rio de Janeiro, 19 de setembro de 2025

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DESTINO

  

sei bem do meu destino
e o que espero dele é ser livre
mais nada pedirei na vontade de ser homem
no desejo de ser eu

cumpro bem o meu destino aos 84 anos hígidos
e vagabundos
na nostalgia do que não fui
por não ter conseguido ser

a verdade é que não resta tempo
para usufruir a liberdade
que almejei mas insisto em viver
quem sabe ela me vem
e não poderei resistir porque a pedi

ser homem ou velho
nuca foi uma opção
apenas me iludi com a sucessão
e o tempo implacável passou

não me esqueci de meus sonhos
em paz com o que sou
era o meu destino
e cá me encontro a sonhar

não me deslembro do que passou
sei que os dias sucedem a noite
e na noite não morrerei
sou do sol e no sol desaparecerei


Rio de Janeiro, 18 de setembro de 2025.

www.poemasinconjuntos.com.br,

Navegando estou

 


não estou só no mundo

outras vontades, outros amores
mas insisto em namorar estrelas
dádivas do céu
o que tenho está tudo em mim
com o sentido de me pertencer e definir
a alma me preenche o corpo
tudo que em mim conheço
nada devo exceto o dever de dever
exceto o exceto
que me persegue como perseguido sou
mas o que sinto só eu sinto
e caminharei namorando estrelas
por areias molhadas de ondas salgadas
enquanto os que não me querem
olham me como jovem ainda
por zelo aceito
Rio de Janeiro, 18 de setembro de 2025

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

DIVAGAR DEVAGAR

 

como se conhecesse o futuro
vejo o presente no desestímulo do confronto

nada em mim me convence que deixemos sendas do sucesso
reafirmado e confirmado no passado
pela novidade em que há verdades
mas hoje o caminhar principia na incerteza
pedras existem no caminho

várias pedras a apedrejar o mundo
e ansiosos consagramos teorias
sem princípio ou fim
somos maiores do que pensamos mas não tão grandes quanto nos fazemos

temos o dever de proteger a beleza da autonomia
é a verdade do que sempre fui e trago em mim
consistência prudência na diversidade da multiplicidade
não para fazer todos iguais mas reconhecer identidades
não há certezas

nada há de verdade
apenas suposições que atravessam os caminhos
que não são dois
trazidos alguns de outros mundos
e nem por isso ilustram a necessária realidade

vencer por nós
essa é a verdade mirando o passado
para reafirmar a força que nos trouxe até onde chegamos

Rio de Janeiro, 12 de setembro de 2025
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RETOMADA

  

nada
talvez na praia onde só o marulhar se ouve
imagina esse arrastar de águas do sem fim

sonho com o que sou na lentidão do vai e volta
um ritual conta a história
e quem me pode dizer onde está meu pensamento
busco ser consciente e experimento um ritual da natureza
que me faz lembrar hesitações
discussões estéreis
minha mente
sou quem não viveu e duvida no sono da quase manhã
apenas quero ser eu mesmo
ao despertar do sonho e do isolamento
uma nova consciência
uma razão
uma certeza
ou adivinhar o que me dará de volta a vida

Rio de Janeiro, 12 de setembro de 2025.

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

PENSIERO

 

Venta e o vento me socorre
do lamento da tristeza e da insônia
e desperta para a vida
que passageira me abandona
onde o vento não ocorre

daqui só nuvens
desenham como pó minha lembrança
do que não sei de tudo que é passado
para exigir a cura
e olhar pro alto
submisso ao que há de ser

saudoso de mim registro esse momento
não é feliz nem mesmo um tormento
e vejo azul na pétala de rosa
do que é sempre o mesmo destino
das coisas que me passam
e não desejam senão indiferença

Rio de Janeiro, 8 de setembro de 2025


domingo, 7 de setembro de 2025

FIM

 

o tempo fecha as portas desejadas
e abre ansiedade ocasional
por passar

na vida nem tudo foi abertura
por vezes um sonho mau
e o desejo do bem
no que a confusão esclarece
diante da negação
ou da esperada afirmação

passa o tempo tudo passa
e o que penso do que foi
onde falhei
agora diante da incerta certeza
do que vem

janelas do tempo deixam ainda passar
sonhos que virão
ou não
faz quase escuro nos anos finais

Rio de Janeiro, sete de setembro de 2025

sábado, 6 de setembro de 2025

INCOMPLETUDE

 


Não: nada me ajuda

a entender o mundo

tudo se confunde
em meio à razão

não vale a piedade
nem ter mais idade
nem a coragem
de dizer não

vence a funda melancolia
dos anos passados
de muita ilusão
com a humanidade
e sua evolução

uma sensação vazia
de qualquer emoção
rebate minha crença
imutável
na Democracia

todos somos iguais
mas em mim prevalece
a negação
não da igualdade humana
mas da desigualdade da percepção

profundo cansaço
de todos de tudo de muitos e poucos
para além do real
dessa falta de trégua

que é da gente
a sofrer completamente
da falta de razão
da Paz que não parece chegar

e da liberdade de sonhar
no sentido lúcido e comum da vida
afinal

Rio de Janeiro, 06 de setembro de 2025
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