domingo, 31 de janeiro de 2010

TRANSIÇÃO







REALIDADE E SONHO



o sonho que não me opõe à vida

a poesia adota

e não sinto tédio nem passar o tempo

que me vem de um céu de ficção

já tão antigo quanto o próprio deus

não abandonei o animal gregário

da luta quotidiana

não me perdi sem prazo

nem menor me tornei

há um lugar sob a luz que me ilumina

onde a clareza é minha liberdade

e meu ofício torna-se verdade

escrevo

para fazer do tempo esquecimento

no artifício de sabê-lo cósmico

sob humano tacão

o amor da vida tem assim lugar

em cada instante

na revelação do código do verso

que me conduz ao universo

de quem me fiz amante

com o sol e seu calor

reentendi a vida

e reencontrei o sonho

quando caminho e canto

minha razão

sou eu quem mudou

e falo aos céus

entenderão...



Rio, janeiro de 2010




2 comentários:

  1. Nossa... Que poema Flávio. Fantástico. Estes dois primeiros versos são antológicos. Vão correndo lá para o meu lado direito.

    "há um lugar sob a luz que me ilumina
    onde a clareza é minha liberdade"

    Quero estes também. :)

    Beijo, boa semana!

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  2. [poema é como uma arma carregada: depois de disparada para o ar, nunca se sabe onde alcança a letra o alvo]

    um imenso abraço

    Leonardo B.

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