quarta-feira, 7 de maio de 2008

QUEM BATE?


[escrito em 1999 reformado em Londres em 2008]

Na porta de minha casa dorme gente que nela não entra que nela não bate que não pode entrar a porta de minha casa fica à espera dos que não entram.
A janela defronte é um mistério.
Ninguém nela aparece nela nada se vê a janela fecha a janela abre e tudo o que tem é “courant d’air”.
A rua de chegada é larga,
só tem gente que não conheço
mesmo quando me vejo nela.


Como é minha casa? Grande pequena alta baixa?

Não nem uma coisa nem outra nem a alternativa delas minha casa tem janelas que não se abrem e portas fechadas sem gente dentro minha casa é vazia de mim mesmo dentro eu não tenho nada
fica gente de fora da porta da minha casa gente que estava fora gente que quer entrar sem contar muito importante gente que já saiu.

Minha casa sou eu mesmo que nem mesmo “courand d’air” deixo entrar para arejar o mundo escuro que me tomou e sufocou
fica todo mundo fora ninguém entra a porta é só lembrança de quando alguém entrou e não ficou.

A janela defronte é bem um símbolo dos que não me vêem nem querem ver.

A correção inapelável do tempo virá o tempo trará consigo a indesejada das gentes que entrará pela porta fechada penetrará as janelas e antes da “courant d”air” me penetrará.

NYC, fevereiro de 1999.

Nenhum comentário:

Postar um comentário