quarta-feira, 7 de maio de 2008

PERPLEXIDADE


[poemeto reflexivo de outra época 2000 reformado em Londres 2008]


passo pela estrada como pela simples vida
encontro caminhos submeto-me a escolhos desço ladeiras galgo montanhas
passo-a-passo caminhante de um sonho cambiante
vislumbro o horizonte e o vejo distante

quem sabe o caminho não pergunta onde caminhar caminha

outros percebem a mudança vivem-na

o caminho mudou a consciência outra mistério em descobrir o destino deixando atrás a certeza vive-se o acaso

há outros para quem o sonho o horizonte a meta tudo é inconstante mas a consciência persiste

este como quem já não sabe o caminho

pára

não vive

é preciso abandonar a consciência para não parar

temo o que sou
percorro a rota do nada

não sei de onde vim pergunto-me para onde vou passo pela estrada e não suporto o caminho já não sei caminhar o passo não sabe avançar

deixei certezas matei ilusões

criei perplexo novas visões

parei andei caminhei parei

sou hoje personagem do que fui

na miragem do que criei

ah se pudesse ser como outros aqueles que vivem sob outra consciência em outro caminho mas não sei

vivo o terror de ser eu mesmo e me manter vivo no caos de ter consciência e não sobreviver dissolvido na dúvida abandonado ao mistério do que serei


NYC, maio de 2000.

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