quarta-feira, 7 de maio de 2008

SEGREDO


[escrito em 1999 reformado em Londres 2008]


Não direi o que não sinto
e sinto tanto…
porque dizer então porque insistir na transparência
que a vida não exige e o mundo não entende?

Se sentes o que dizes
melhor cuidar-te
e precaver-te
da condenação e do desdém.

O mundo é mau
perversa a vida
se sentes não digas
se dizes não sintas.

Vê na vitrina
não te exibas
os segredos humanos
são produtos culturais
da incompreensão.

O homem escondeu
cuidadosamente
seus mais íntimos sentidos

e criou o preconceito.

Cultura é tudo aquilo que o conhecimento humano apreendeu
muito mais do que expõe e nada do que revelou.

Qual banco de gêlo
o que flutua é maior do que se vê
a base é imensa
o segredo submerso
frio asfixiado
ignorado e não visto
garante o equilíbrio.

NYC, junho de 1999.

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